por Tony Monti
Escutei nas últimas semanas mais de uma pessoa argumentar que, graças às novas tecnologias. a Dilma, e não o Aécio, se elegeu. O argumento se baseia na ideia de que, não fosse a liberdade da internet (que teria possibilitado a existência de meios alternativos de informação), Globo, Veja e jornais afins teriam pautado as eleições em um discurso unívoco. Pode ser verdade. Ao que parece, o uso que se fez da internet teve mesmo papel significativo no resultado das eleições.
Não vejo, no entanto, motivo para supor que a internet favoreça determinado discurso, determinadas ideias ou ideologias. Nem mesmo me parece que a internet é mais livre. Usuários do Facebook e do Google têm seus dados vasculhados sem parar, seus hábitos mapeados para que, ao consumirem, reproduzam as ordens sociais do interesse destes grandes conglomerados. Antes, a GM e a Philips, agora o Google e o Facebook. Um pequeno deslocamento do capital, sem visíveis alterações nos índices de desigualdade entre as pessoas.
A existência da internet não torna o mundo mais livre, nem menos, do que o mundo de antes. Ou mais, mas também menos. A internet é agora parte do chão em que pisamos, do solo histórico, do horizonte de possibilidades para as transformações. Ignorar a internet e as redes sociais é ignorar uma parte grande do momento presente, é jogar sem conhecer as regras. Mas não vejo na internet uma via melhor do que as vias anteriores, em outros momentos da história. Ela é inevitável, incontornável, mas não joga necessariamente do nosso lado.